A EFF expressa seu profundo pesar pela morte de Mark Klein, um verdadeiro herói que arriscou sua liberdade civil e enfrentou possíveis acusações criminais para expor um vasto programa de espionagem que violava os direitos de milhões de americanos.
Mark, que atuou por 22 anos como técnico de telecomunicações na AT&T, principalmente em São Francisco, sempre teve um forte senso de ética e um compromisso com a privacidade. Ele não pretendia mudar o mundo, mas sua integridade o levou a uma ação decisiva.
Em 2005, após a publicação de uma matéria no New York Times revelando que a NSA estava espionando dentro dos EUA, Mark percebeu que havia sido testemunha desse processo. Ele também se deu conta de que o Presidente não estava sendo honesto com os cidadãos sobre o programa. Recém-aposentado, decidiu que precisava agir e chegou à porta da EFF em 2006 com a pergunta: "Vocês se importam com a privacidade?"
A resposta foi um categórico sim. O que Mark compartilhou conosco mudou tudo. Ele revelou que a NSA havia instalado uma sala secreta, chamada Room 641A, no escritório central da AT&T em São Francisco. Mark estava encarregado de conectar circuitos de dados da Internet a "divisores" ópticos que estavam ligados à sala secreta da NSA, permitindo a cópia de todos os dados que passavam por esses circuitos.
Ele não apenas observou como tudo funcionava, mas também trouxe mais de cem páginas de diagramas e tabelas da AT&T que autenticavam suas alegações. Esses documentos foram compartilhados com grandes veículos de mídia, funcionários do Congresso e até mesmo com dois senadores pessoalmente. O senador Chris Dodd, por exemplo, reconheceu Mark como o grande herói americano que ele era.
Utilizamos as evidências de Mark para mover duas ações judiciais contra a espionagem da NSA: Hepting v. AT&T e Jewel v. NSA. Mark também nos acompanhou a Washington D.C. para lutar pelo fim da espionagem e exigir responsabilidade por anos de sigilo. Ele escreveu um relato de sua experiência intitulado "Wiring Up the Big Brother Machine . . . And Fighting It".
Mark não hesitou em dizer a verdade, mesmo com os riscos pessoais que isso acarretava. A AT&T ameaçou processá-lo, mas decidiu não seguir em frente. Embora tenhamos conseguido algumas mudanças com suas evidências, tanto a EFF quanto Mark se sentiram decepcionados pelo Congresso e pelos tribunais, que não tomaram as medidas necessárias para acabar com a espionagem em massa, mesmo após Edward Snowden apresentar mais provas em 2013.
O impacto de Mark foi inspirador para todos nós na EFF e ajudou a motivar centenas de milhares de americanos a exigir o fim da vigilância ilegal. Embora ainda não tenhamos alcançado o sucesso desejado na luta contra a espionagem, sua coragem contribuiu para várias reformas já implementadas.
A luta continua. A lei chamada Seção 702, que autoriza a vigilância em curso que Mark revelou, expirará no início de 2026. A EFF e outras organizações continuarão a pressionar por reformas e, em última instância, pelo fim total da espionagem ilegal.
O legado de Mark permanece vivo em nossas batalhas contínuas para reformar a vigilância e honrar a promessa da Quarta Emenda de proteger a privacidade pessoal. Somos eternamente gratos a ele por ter tido a coragem de se posicionar e faremos o nosso melhor para honrar esse legado ao continuar a luta.
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